Os pais hoje estão muito permissivos. Talvez devido ao pensamento pós-moderno que defende a ideia de que o que vale é o que você sente, e que para se sentir bem, tudo é válido. Isso é uma mentira, uma ilusão, um engano. Saúde mental e social depende de autocontrole das emoções, ajuste dos desejos, e não satisfação deles à qualquer preço.
Pais permissivos podem ser tão lesivos aos seus filhos quanto pais ditatoriais. Crianças criadas em lares muito ditatoriais, em que nada é permitido, apresentam mais problemas de comportamento na adolescência, assim como os criados em lares superliberais, quando comparadas com as crianças criadas em lares mais ou menos equilibrados.
Nos lares cheios de regras e proibições, as crianças ou se revoltam e podem se tornar criadores de problemas na sociedade ao crescerem (empregados problemáticos, abusadores, violadores de qualquer lei, criminosos, dependentes químicos, etc.), ou podem ser tornar muito passivas, sem saberem se defender de abusos.
Dos lares onde predominou ou predomina (que é a maioria hoje) a liberalidade excessiva, onde tudo pode, onde os adolescentes chegam das baladas a hora que querem, onde não assumem responsabilidade nenhuma de ajudar os pais em tarefas da casa, surgem os prepotentes, os arrogantes, os “espaçosos” que se acham donos do mundo, os “fora da realidade” achando que todos lhe devem algo e que os devem servir, justamente porque não aprenderam a disciplina da realidade, não aprenderam que na realidade da vida há regras, há horários a cumprir, há os direitos dos outros, e há um mundo interior dentro da pessoa a ser administrado, como os pensamentos maus, os sentimentos perversos e imaturos. Desses lares surgem muitos dependentes químicos também e outros tipos de pessoas com outros comportamentos que causam problema social.
As crianças não se tornam mais felizes quando damos a elas tudo o que elas querem. A disciplina equilibrada é uma forma importante de mostrar aos nossos filhos que os amamos e que nos importamos com eles. Faz parte da realidade da vida elas aprenderem desde pequenas a aceitarem as limitações, as frustrações. Mas se os pais não lidam bem com a frustração, e por qualquer desconforto ou provação logo perdem o controle emocional, lançam mão de remédios “calmantes”, ou “um trago para relaxar”, isso é observado pelos filhos e eles irão copiar esse modelo imaturo de lidar com as dificuldades da vida.
Para tentar educar melhor seu(s) filho(s), recomendo o seguinte:
- Encoraje a eles o autocontrole dando exemplo em sua própria vida. Ao surgir um problema, diga a eles com serenidade e calma: “Vamos pensar em como resolver isso. Há solução. Vamos procurar por ela, etc.”;
- Explique que diante de problemas na vida pode não existir solução rápida e fácil, e que, assim, temos que ter paciência e aceitação da limitação;
- Ensine a lidar com emoções dolorosas, explicando que elas existem, fazem parte da vida, e que temos que ter paciência para lidar com elas, que elas irão embora em algum momento. Ensine também que há sofrimentos que precisamos evitar, pois do contrário eles produzirão dor emocional, nesse caso, evitáveis;
- Use palavras simples, compreensíveis e confiáveis, nunca mentindo. Me lembro de um vídeo que assisti em que uma menina de uns 7 ou 8 anos de idade, perguntou para sua mãe o que era “virgem”. Daí a mãe, sem checar o por que da pergunta da filha, gastou quase meia hora para explicar um monte de coisas sobre virgindade, e quando acabou a menina fez outra pergunta, apontando para o vidro de azeite de oliva sobre a mesa: “Mãe, e o que é extra-virgem?”;
- Não faça comparações. É horrível e injusto comparar um filho com outro, ou com uma outra criança, parente ou não. Comparações geralmente são injustas porque dentro de cada um há lutas pessoais, e há uns que tem lutas interiores que o outro não tem metade disso;
- Não prometa o que não pode ou não irá cumprir só para acalmar a criança;
- Não dê tarefas nem fáceis e nem difíceis demais para seu filho(a);
- Não ataque a pessoa quando ela cometer um erro, mas ataque o erro. Ou seja, ao invés de dizer: “Você é uma droga de pessoa porque fez isso…”, diga: “Isso que você fez não é legal!”;
- Valorize os esforços que a pessoa conseguiu realizar até agora, mesmo que sejam pequenos, ao invés de enfocar o que ela não conseguiu ainda;
- Não “use” a criança em brigas conjugais;
- Não deprecie seu marido ou esposa ao falar com seu filho(a);
- Pergunte a si mesmo(a) se você tem um apego exagerado com seu próprio pai e/ou mãe a ponto de se preocupar mais com agradá-los do que cuidar de seu filho(a).
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