UMA NOVA ADMINISTRAÇÃO MUNDIAL
Introdução
Em 538 a.C. no primeiro ano de Dario, o medo, no trono do Império mundial da Medo-Persa, Daniel, que a esse tempo alcançara a avançada idade de 86 anos, fora olhado pelo rei, como o fora antes pelo rei Nabucodonosor, como o homem mais capaz para estar à testa dos negócios do reino juntamente com o soberano. E o rei Dario não teve dúvidas em empregar os seus raros talentos para ajudá-lo, mormente no que compreendia, pôr em boa ordem o grande Império recém-conquistado aos sucessores do grande monarca caldeu.
Um complô ardilosamente maquinado e preparado contra uma inocente vítima, Daniel, foi motivado por sua irrestrita fidelidade e seus deveres oficiais como o maior dos três grandes primeiros ministros do reino e pelo firme pensamento do rei de empossá-lo como primeiro ministro do Império Medo-Persa, eliminando os outros dois por incompetência e deslealdade.
Por sua própria integridade pusera Daniel em risco a sua vida. Verdadeiramente não foi fácil ser justo nesta terra injusta. Todo o homem de caráter imaculado, nobre e temente a Deus, arrisca-se a ser abatido pela inveja e a infâmia dos homens maus e perversos.
“Pareceu bem a Dario constituir sobre o reino a cento e vinte presidentes, que estivessem sobre todo o reino”. Dan. 6:1
Imediatamente ao ser empossado por Ciro no trono da terra, na Babilônia, procedeu Dario, o Medo, uma nova organização dos vastos domínios conquistados aos babilônios. Os cento e vinte presidentes que dispunha investir no imenso Império, equivaliam ao mesmo número de províncias reais de sua nova divisão.
As posteriores vitórias de Ciro, Cambises, Dario Hystaspes e Xerxes, estenderam as fronteiras do reino e aumentaram o número de províncias. Aos tempos de Xerxes – “o Assuero do livro Ester”, contou o Império com “cento e vinte e sete províncias”, compreendendo um imenso território estendendo-se “desde a Índia até a Etiópia”, Ester 1:1.
“Sucedeu nos dias de Assuero, o Assuero que reinou desde a Índia até a Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias”. Ester 1:1
Parece ter o reino Medo-Persa atingido neste tempo o ponto culminante de seu apogeu e extensão, tanto quanto se sabia, já por ter começado com Xerxes o seu enfraquecimento desde a derrota sofrida na Grécia.
“E sobre eles três príncipes, dos quais Daniel era um, aos quais estes presidentes dessem conta, para que o rei não sofresse dano”. Dan. 6:2
Segundo ditou-lhe a sua visão, escolhera Daniel os três entre os príncipes do reino vitorioso e os do reino subvertido. Cada um destes príncipes deveria ser direto responsável em três zonas distintas que por certo eram: a Oriental, a Ocidental e a Sul, estando às províncias do norte a administração financeira de quarenta províncias, agrupadas, possivelmente, inclusas nas duas primeiras. Aos três grandes deviam prestar contas todos os governadores provinciais quanto às receitas do reino.
Daniel infere no seu texto a principal razão que levara o rei a criar o ministério das finanças sob três ministros: visou salvaguardar o reino de quaisquer fraudes por parte dos soberanos das províncias concernente às rendas do Império. Daí a necessidade de uma estrita vigilância por parte dos três destacados ministros de Estado escolhidos para a referida alta função.
Eis a velha falta de confiança do homem em relação ao homem, principalmente no que concerne à administração de finanças. Este mal entre os homens é hoje mais acentuado do que em qualquer época decorrida. Há nos ministérios da fazenda de todos os governos e nas grandes corporações e empresas de menor importância, os fiscais e os inspetores. Aqueles para colocarem à prova a honestidade dos que manejam diretamente as finanças e também aqueles para submeter o caráter daqueles a teste, na fiscalização. Todavia, com toda a fiscalização e inspeção, ouve-se com freqüência de fraudes em todos os setores.
A desonestidade tornou-se virtude corrente, dissera o grande Rui Barbosa: “O homem tem vergonha de ser honesto”. E não é de maravilhar que o rei Dario fosse lesado nas rendas do reino a despeito de sua imediata precaução.
(1518)