Perdão e Salvação
O homem ao pecar transgride a lei de Deus, não existe pecado que não seja a violação dos princípios desta lei (Êxodo 20:3-17), sendo a morte a consequência por esse ato.¹ E nada que o pecador ofereça de si mesmo pode pagar a dívida de sua transgressão. No entanto, ao reconhecer o seu erro (unicamente pela atuação do Espírito Santo),² ele proporciona condições para que se inicie o processo de arrependimento que o conduzirá ao perdão.
Esse perdão é concedido quando alguém deposita o seu pecado no sacrifício de Jesus ocorrido na cruz do Calvário, e não porque tenha algum direito inerente sobre isso (Isaías capítulo 53; João 1:29). Senão fosse a intervenção de Cristo ao morrer em nosso lugar (por causa de nossas transgressões), não teríamos nenhuma possibilidade de remissão e pereceríamos. É esta inigualável oportunidade concedida por Deus que a Bíblia chama de “graça“; e revela o Seu inexplicável amor pela humanidade (João 3:16-17). Por estes motivos é que a graça requer fé alicerçada em Jesus, qualquer outra forma de confiança é inútil e ofensiva para Deus (Romanos 9:30-33; João 14:6; I João 2:1-2).
A graça promove também a tranquilidade de espírito ao eliminar a aflição ocasionada pelo sentimento de culpa. Esta garantia de estar livre tanto da penalidade quanto da angústia pelo pecado cometido, habilita o indivíduo a se reconciliar com Deus, pois, nele prevalece a certeza que os obstáculos que os separavam não mais existem (Isaías 1:18; Isaías 43:25-26; Miquéias 7:18-19). E, ao mesmo tempo que concede-se o perdão, proibi-se o retorno às práticas pecaminosas. As palavras de Cristo quanto a isso são: “Vai e não peques mais.” (João 8:11). Porém, isso não retira a liberdade de alguém envolver-se novamente com o pecado, ou seja, de voltar a pecar contra a lei de Deus, optando deste modo pelo caminho da perdição.
O perdão recebido não anula a obediência aos preceitos da lei.3 É inconcebível alguém professar seguir a Cristo e ao mesmo tempo desrespeitar os Seus mandamentos.4 Tal atitude anula a oportunidade de herdar a vida eterna. Perdão e salvação são coisas distintas. Perdão é a absolvição, é a remissão da penalidade por transgredir a lei de Deus, ou seja, é a aplicação imediata da graça quando ocorre o arrependimento e aceitação do sacrifício de Jesus para quitar o pecado. Salvação é permanecer em comunhão com Deus através da fé em Cristo e obediência aos Seus mandamentos após receber o perdão (Apocalipse 14:12 cf I João 2:1-4).
Em última análise salvação é a permanência na graça. É manter atuante ou válido o perdão recebido evitando a pratica do mal. O pecador pode ser perdoado várias vezes de seus maus atos e nunca obter a salvação se abandonar o que lhe é exigido – fé e obediência (Ezequiel 33:12-16 cf Mateus 7:22-23).
O erro mais comum no cristianismo é imaginar que o perdão (concedido pela graça), ou, a fé (no sacrifício de Cristo) anulam a obediência à lei. Satanás é o originador deste desprezível ensino e muitos iludidos por seus sofismas descartam os Dez Mandamentos como – um dos – requisitos para alcançar a salvação, e assim trilham em direção a ruína na qual ele esta condenado (Apocalipse 12:17; Apocalipse 22:14-15).
Deus através de Sua graça perdoa, habilita e guia o pecador arrependido rumo a vida eterna; não existe outro meio para atingir este objetivo (Efésios 2:8-9 cf Atos 15:11). Acolhido pela graça, o pecador é auxiliado a manter a fé em Jesus e a obedecer aos Seus mandamentos. Sem esta ajuda divina não haveria chance alguma de alguém, após receber o perdão, permanecer no caminho da salvação.
O próprio Cristo esclareceu esta questão ao declarar que para obter a vida eterna (salvação) é necessário obedecer aos Dez Mandamentos (Mateus 19:16-22). E este ensino é muitíssimo claro, não há possibilidade de alguém ter acesso ao Seu reino, ignorando a Sua lei que proíbe: blasfemar o nome de Deus, criar e adorar imagens, matar, roubar, desonrar os pais, adulterar; enfim, não existe condição alguma de alguém receber a vida eterna enquanto intencionalmente permanece transgredindo algum mandamento do Decálogo (cf Tiago 2:10-12). A graça e a fé não são permissões para negligenciar a lei de Deus, mas, frequentemente são citadas como pretexto para justificar os pecados cometidos conscientemente contra ela.
“Perante o crente é apresentada a maravilhosa possibilidade de ser semelhante a Cristo, obediente a todos os princípios da lei. Mas por si mesmo é o homem absolutamente incapaz de alcançar esta condição. A santidade que a Palavra de Deus declara dever ele possuir antes que possa ser salvo, é o resultado da operação da divina graça, ao submeter-se à disciplina e restritoras influências do Espírito de verdade. A obediência do homem só pode ser aperfeiçoada pelo incenso da justiça de Cristo, o qual enche com a divina fragrância cada ato de obediência. A parte do cristão é perseverar em vencer cada falta. Constantemente deve orar para que o Salvador sare os distúrbios de sua alma enferma do pecado. Ele não tem sabedoria ou a força para vencer; isso pertence ao Senhor, e Ele os outorga a todos os que em humildade e contrição dEle buscam auxílio.”
Em relação a fé em Cristo, o outro requisito extremamente importante para conquistar a salvação, pois “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hebreus 11:6); seria ela suficiente para herdar a vida eterna? “Se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?” (Tiago 2:14). Em Tiago capítulo 2, tem-se o nítido ensino da interdependência entre a fé em Jesus e as obras decorrentes da obediência da lei. Estas obras são na realidade os resultados do amor em seguir a Deus (João 14:15-21; I João 5:1-5; II João 1:4-6).
A quebra dessa relação, “fé e obras”, pode ser exemplificada pela atitude dos demônios que creem em Deus e tremem (Tiago 2:19 cf Lucas 4:41) mas, se desviaram da conduta de vida estabelecida por Ele. Serão salvos porque acreditam em Deus? De modo algum! Embora eles estejam convictos do poder do Criador e conheçam os propósitos de Sua lei, optaram em obedecer a Satanás (Apocalipse 12:9 cf Isaías 14:12-14, Ezequiel 28:12-19). As obras desses demônios revelam o caráter que desenvolveram e que domina suas vidas. Neste aspecto, a atitude deles não difere do comportamento dos cristãos que professam acreditar no poder e autoridade de Deus mas, na prática, recusam-se em seguir as orientações de vida determinadas pelos mandamentos de Sua lei (Isaías 24:4-6 cf Apocalipse 20:12-13; Apocalipse 22:12). Apresentam uma “fé” vazia, contraditória e incapaz de testemunhar a favor deles (Tiago 2:17 cf Romanos 2:13). Na verdade, a grande maioria mantém apenas a convicção de que Deus existe e, que Jesus foi morto na cruz do Calvário. Isso não é a fé exigida pela graça; não é a fé que motiva o pecador a obedecer a Deus. A verdadeira fé conduz o pecador arrependido a submeter-se aos caminhos estabelecidos por Deus independente das circunstâncias.
Considerações Finais
Embora a Bíblia apresente as condições para que o pecador obtenha o perdão e, consequentemente alcance a salvação, sempre surgirá alegações contrarias à elas por partes daqueles que não desejam um compromisso verdadeiro com Deus; estarão a sustentar uma “fé” que atenda as suas necessidades particulares e, ardorosamente, se apoiarão em teorias humanas para amenizar suas consciências quando o Decálogo lhes apontar seus respectivos pecados (cf Marcos 7:7-9; II Timóteo 4:3-4).
Quanto a crença que cada um sustenta, Paulo declara: “A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova” (Romanos 14:22).
a. Sem o arrependimento é impossível obter o perdão e, na ausência deste, não há possibilidade de salvação (II Coríntios 7:10; Salmos 32:1-5).
b. É por meio do Espírito Santo que o pecador reconhece, arrepende-se, roga por perdão e evita as más obras. Quando as Suas orientações são ignoradas perde-se os meios pelas quais estas virtudes são alcançadas. O santo Espírito trabalha constantemente para direcionar o pecador numa vida de retidão (de acordo com a vontade de Deus expressa em Sua lei). Entretanto, Ele abandona todo aquele que insistentemente evita Suas instruções, deixando-o a mercê de suas próprias escolhas pecaminosas; as quais inevitavelmente o conduzirá a morte eterna. Este ato de ignorar o Espírito Santo caracteriza-se como uma blasfêmia contra Ele, e para este crime não há perdão (Mateus 12:32-33; Marcos 3:29).
Referências:
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